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JOSÉ CASQUILHO & SÉRGIO BARRETO
O sândalo branco

Introdução

Esboço histórico do sândalo em Timor-Leste

Características do sândalo branco

Perspectivas de futuro

Características do sândalo branco

O género Santalum distribui-se sobretudo pelo sudeste asiático, mas também existe nas ilhas do Pacífico e na Índia, no Ceilão (Srilanka) e actualmente expande-se na África do Sul e Austrália.

Na Índia a espécie Santalum album L. ocupa áreas muito extensas em povoamentos densos ou esparsos, onde se destaca a região de Karnataka (1), perto de Goa. Existe mesmo a versão de que se localiza aí o centro de origem da espécie sendo a outra versão a de que os portugueses para lá a levaram a partir de Timor.

O sândalo branco (Santalum album L.) distribui-se desde o nível do mar até uma altitude que pode alcançar os 1300- 1500 m. (2), numa amplitude de precipitação média anual que vai dos 400 aos 3000mm, o comprimento da estação seca pode alcançar os 6-7 meses. A gama de temperaturas médias anuais varia dos 19º C aos 32ºC e a temperatura média do mês mais frio da ordem de 13-25ºC (3). Trata-se portanto de uma espécie plástica, observando-se no entanto que as produções mais elevadas dos melhores óleos se verificam em condições de stress moderado a relativamente intenso, em solos inclinados e precipitações menores. O sândalo branco dá-se mal com o encharcamento e com solos ácidos; por outro lado tolera solos sódicos.

A propagação natural do sândalo no seu habitat ocorre sobretudo por acção de aves frugíferas, como a citação de Frei Luís de Sousa ilustra. Ripley (1961) (4) apresenta uma lista de 23 espécies de aves que na Índia foram observadas alimentando-se de frutos de sândalo, entre as quais três espécies de pombos. Existem várias notícias diferentes sobre as épocas de floração e frutificação do sândalo branco, sendo a informação mais corrente a de que a floração e a frutificação se estendem ao longo do ano. Venkatesan afirma que se o objectivo é reconstituir uma floresta de 100 hectares de sândalo, basta estabelecer 5 a 10 pequenas parcelas de 1 ha, dispersas pela área total, que, após atingirem o estado de frutificação, serão fonte de sementes suficiente para a dispersão ornitológica pela área remanescente (5).

As sementes têm um período de dormência de 2 meses e retêm a sua viabilidade até 9 meses – são necessárias cerca de 6000 sementes para perfazer 1 kg; as sementes, quando plantadas, levam normalmente 4 a 12 semanas para germinarem, processo que pode ser apressado pela imersão numa solução com 0.05% de ácido giberélico durante 12 a 16 horas. Srimathi e Nagaveni afirmam que as sementes colhidas em Setembro-Outubro e plantadas em Abril-Maio originam as taxas máximas de germinação com a duração mínima (6). A idade das árvores-mãe não parece afectar a viabilidade das sementes.

Para além do aspecto hemi-parasitário da espécie, pode dizer-se que em termos médios se trata de árvores que atingem uma altura de 10- 15 m e um dap (diâmetro à altura do peito) de 30 cm. O termo de explorabilidade do sândalo branco é de 30 a 40 anos. Existem boas notícias da Índia sobre a abundante regeneração de sândalo sob coberto de casuarina (Casuarina equisetifolia) e bambú.

Uma tonelada de cerne de sândalo pode originar cerca de 50 Kg de óleo, que por sua vez contém 80-90% de santalol (um alcool formado por dois isómeros), o composto responsável pelo aroma e pelo valor da madeira. Podemos usar como referência que o peso máximo de cerne maduro de uma árvore de 50 anos é cerca de 100 kg (7).

Notas

(1) Recent Advances in Research and Management of Sandal (Santalum album L.) in India (Srimathi, Kulkarni & Venkatesan edts). Associated Publishing Company. New Delhi, 1995. [RARMS;1995]

(2) Ormeling, 1956; Monk, 1977

(3) Doran, 2002.

(4) Citado em J. Mangalraj Johnson: Ornithodispersal of Sandal in [RARMS;1995:106-110]

(5) K. R. Venkatesan: Artificial Reneration of Sandal in [RARMS;1995:111-116]

(6) R. A. Srimathi e H.C. Nagaveni: Sandal seeds – Viability, Germination and Storage in [RARMS;1995:77-87]

(7) Warsito e Andayani, 1987.