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ACÁCIO BARRADAS.

YAHOO COLABORA COM A CENSURA
E A REPRESSÃO NA CHINA

A companhia norte-americana Yahoo comprometeu-se, desde 2002, a respeitar as leis de censura na China. Nesse sentido, tem dado colaboração às respectivas autoridades no sentido de impedir o livre acesso dos chineses ao ciberespaço. Recentemente, a Yahoo foi longe demais, ao denunciar um jornalista chinês, Shi Tao, do «Dangdai Shang Bao» (Notícias Económicas Contemporâneas), originando a sua prisão. O crime de Shi Tao foi ter enviado um «mail» para o exterior, no qual informava que o Partido Comunista Chinês emitira um documento secreto em que fazia advertências sobre a eventualidade de os dissidentes provocarem agitação por motivo do 15.º aniversário do masssacre de Tiananmen, ocorrido em 4 de Junho. Essa informação acabaria por ser publicada num website dos EUA consagrado à defesa da democracia. O facto de Shi Tao ter utilizado o servidor Yahoo para enviar essa informação, acabaria por ser-lhe fatal, pois a pedido das autoridades chinesas, a referida empresa, através da sua filial em Hong Kong, indicou o número de telefone através do qual fora enviado o «mail». Shi Tao foi assim denunciado pela Yahoo, sendo imediatamente preso e condenado a 10 anos de prisão.

Assinale-se que, na China, há mais de 60 pessoas a cumprir penas de prisão por violarem as leis sobre os conteúdos da Internet. A censura que o governo chinês exerce sobre o ciberespaço, por intermédio de milhares de polícias informáticos, impede por exemplo o acesso aos websites da Amnistia Internacional e outras organizações defensoras dos direitos humanos. A prisão e condenação de Shi Tao é, no entanto, o primeiro caso publicamente conhecido como sendo devido à colaboração de uma empresa estrangeira. A Yahoo sacrificou a liberdade de um jornalista para manter as boas relações com a ditadura chinesa e assegurar a prosperidade dos seus negócios. É que a China é um imenso mercado em expansão, cujos mil cibernautas passaram de 620 mil em 1997 para um número superior a 100 milhões, o que transcende largamente os membros do Partido Comunista Chinês, que é de 69 milhões.

Decidi passar estas informações – que foram obtidas em duas fontes (o website dos Repórteres Sem Fronteiras e a edição do «El Pais» de hoje, domingo, 25) – com um objectivo: apelar ao boicote da Yahoo, uma empresa que não merece ganhar dinheiro à custa da liberdade de informação e de expressão. A todos os destinatários desta mensagem ligados à Yahoo, peço-lhes que mudem de servidor em defesa dos direitos humanos. Aos outros, peço-lhes que façam circular esta informação.

 

Acácio Barradas é jornalista. Fez parte, em cargos de chefia, das redacções de alguns dos mais importantes jornais portugueses: Diário Popular, Diário de Lisboa e Diário de Notícias. Actualmente dedica-se a trabalhos de investigação histórica. Preside à Assembleia Geral do Sindicato dos Jornalistas e ao Conselho Fiscal do Clube de Jornalistas

   
   

 

 

 


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