A esta hora

SUSANA BRAVO
Formada em Línguas, Literaturas e Culturas LLC nas Universidades (FLUL e FCSH). Professora de Português (ERPM)


O coração desagua num pranto
amor que se esgotou numa
lágrima que de leve enlevo
Doi a alma tanto, a alma desagua
O boémio que amei,
o boémio que foi morte!
Sentimento amordaçado
Rios que impediram,
vozes que ecoavam
gemidos que no sexo penetrante
já não sinto, nem sentiu viajante
Na minha gravitacional humidade
O senti morta e condenada
Pediu-me tantas desculpas, desculpou-se!
Terei perdido o tino? Não posso!
Esgotei, esgotaram-se as vozes e
permaneci em silêncio, num silêncio
agonizante que me sabe a
um tormento penoso e enrrugado
o melindre e tenebroso!
O leito mortal, a alma
desapareceu, o filme acabou!