VII Colóquio Internacional
"Discursos e Práticas Alquímicas"
LAMEGO - SALÃO NOBRE DA CÂMARA MUNICIPAL
22-24 de Junho de 2007
INICIAÇÃO FEMININA:
ASTROLÓGICA, MÁGICA, ALQUÍMICO-HERMÉTICA
OU CABALÍSTICA?
por ANTÓNIO DE MACEDO

INDICE
Introdução
1. Os Mistérios antigos
2. A origem das Ordens
3. A Ordem de Melquisedec e as formas iniciáticas originárias
4. O estabelecimento das Ordens e os mitos fundadores
5. As duas linhagens: a do Fogo e a da Água
6. As Ordens sagradas primordiais: cainita e sethiana
7. A ROC e a ROT
8. A deusa-padroeira das Tecedeiras
9. A Ordem de Arachne
10. A decaída de Penélope
11. Um fio tradicional alternativo?
12. Das tradições mesopotâmica e judaica à modernidade ocidental
13. E se a ROT afinal não desapareceu?
14. Tradicionismo de ofício — um rito viável?
15. Conclusão provisória
Bibliografia sumária
2. A origem das Ordens

Uma Ordem iniciática não é propriamente um clube, em que a exclusão masculina ou feminina possa ser decretada por sexismo primário ou por velho costume obsoleto, como ocorre por exemplo nos clubes exclusivamente masculinos ou exclusivamente femininos de certas universidades americanas, já para não falar nos clubes ingleses «só para homens» ou nas reuniões de vendas de tupperware «só para mulheres»… Numa Ordem iniciática, desde que tenha sido instituída e mantida por «tradição regular», a transmissão e infusão de certo nível de conhecimentos e do correlativo despertar de faculdades ocultas, ou seja, a Iniciação, implica, antes de mais, a quádrupla purificação através dos elementos (provas da terra, água, ar e fogo) a fim de se alcançar a plenitude do conhecimento (Gnose) e correlativa iluminação espiritual; por outro lado, só pode ser realizada de acordo com linhas vibracionais bem definidas, sob pena de essa transmissão ser nula ou ter efeitos nefastos sobre o incauto que a tal prática se exponha sem estar devidamente qualificado.

No caso específico das Iniciações sectorizadas, quer femininas, quer masculinas, nas antigas Ordens (ou em Ordens que tenham trazido até à actualidade alguma forma de regular transmissão iniciática), a Iniciação regular opera-se de acordo com as estruturas esotéricas que qualificam, em maior ou menor grau, uma operação oculta ou iniciática em quanto tal, isto é, tomando os seguintes corpos disciplinares (ou pelo menos algum deles) como «grelhas de referência»: Astrologia, Magia, Alquimia-Hermetismo e Cabala. Com efeito, todo e qualquer discurso esotérico, bem como toda e qualquer operação esotérica, assentará as suas premissas, as suas inferências e os seus segredos em um ou vários dos quatro corpos disciplinares acabados de referir (cf. Macedo 2006, 71; 83-91). Além disso, terá de haver uma razão de «compatibilidade» que confira legitimidade mística ou oculta a tais Iniciações sectorizadas, como veremos, justificando do mesmo passo o porquê de a um ser humano de um dado sexo não convirem esotericamente as vibrações ritualísticas apropriadas à Iniciação do sexo oposto.

Certos autores, mais pessimistas, afirmam que a origem das Ordens se perde na noite dos tempos. Em parte é verdade, mas também é verdade que existem textos legítimos e assaz respeitáveis que nos podem proporcionar pistas preciosas. Um deles é nada mais, nada menos, do que a própria Bíblia! Podemos, assim, afirmar com razoável segurança que a primeira vez que surge o conceito de «Ordem» é no livro dos Salmos, ainda que o seja numa perspectiva messiânica (segundo a hermenêutica cristã): «Jahvé jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec» (Salmo 109 [110], 4).

Esta expressão: «segundo a Ordem de Melquisedec», em hebraico ‘al-diberathoi Maleki-tsedeq, é vertida em grego, na Septuaginta, como kata tên taxin Melchisedek, em que a palavra «ordem» é dada por taxis, -eôs, termo que significa precisamente «ordem», «ordenação hierarquizada», «enfileiração», etc. É um termo simultaneamente jurídico, militar, religioso e organizacional: taxis deriva do verbo pós-homérico tassô, etagên, taktos, que significa «enfileirar», «atribuir um lugar», «pôr por ordem» — como um exército num campo de batalha. O equivalente latino, ordo, ordinis, não se afasta muito desta acepção, com significados técnicos congéneres, tanto na línguagem militar, como por exemplo centurio primi ordines, como na línguagem religiosa, por exemplo: ordines sacerdotum et levitarum (Vulgata).

Qual a importância, para o nosso caso, da primordial «Ordem de Melquisedec»?

INICIATIVA:
Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL)
Instituto São Tomás de Aquino (ISTA)
www.triplov.org

Patrocinadores:
Câmara Municipal de Lamego
Junta de Freguesia de Britiande
Dominicanos de Lisboa

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