Armando Ribeiro: Libelinhas
Entre Anta e Mazes (Tarouca / Lamego)
04-08-2008
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Libelinhas na Ponte das Poldras

O mundo dos insectos é o maior de todos, dentro do Reino Animal. Se não erro muito dizendo que em Portugal existem apenas umas duas ou duas dezenas e meia de espécies de herpetos (animais do grupo dos Reptilia - lagartos, tartarugas, cobras, osgas - e do grupo Amphibia - sapos, rãs, tritões e salamandras), já de certeza errarei muito deitando-me a adivinhar que serão centenas as de insectos, pois devem ser muito mais do que milhares. Existem mais espécies de insectos na Terra do que de todos os outros animais juntos.

A identificação é complexa, exige, por exemplo, consulta de tratados da especialidade, comparação de indivíduos de espécies diferentes, conservados nas colecções dos museus de História Natural ou dos centros de investigação, e observação ao microscópio de certas peças anatómicas do animal. E quem identifica são os entomólogos. Porém, como o mundo dos insectos é imenso, em geral os entomólogos especializam-se. Eu conheci um que só estudava gafanhotos, e não eram todos os gafanhotos, apenas os de Portugal e de algumas ex-colónias portuguesas de África, José de Almeida Fernandes. Conheço os que só estudam parte do grupo Lepidoptera, que compreende as borboletas, os que só estudam as cigarrinhas (Homoptera: Cicadellidae), como José Alberto Quartau, outro que é especialista dos Tingidae (Heteroptera) africanos, Pedro Duarte Rodrigues, e outro ainda que muito sabe dos Tisanuros (Apterygota), Luís Mendes.

Na maior parte dos casos, os especialistas dedicam-se à fauna do seu país, e sobretudo às espécies endémicas, aquelas que estão confinadas a territórios pequenos, pois são aquelas a que dão maior valor evolutivo. As espécies que ocupam maior território, que chegam a existir em vários continentes, são as cosmopolitas. A essas a ciência não dá tanta atenção, embora as continue a catalogar, pois a inventariação da fauna é uma tarefa contínua, passa de uns investigadores para outros, não tem fim.

Eu não sei que libelinhas estão nas imagens, são duas espécies, uma de cor azul metalizado, de asas opacas, que talvez seja Calopteryx virgo meridionalis, subespécie de uma espécie europeia. Esta identificação é de amador, resulta da pesquisa na Internet (1) e não de conhecimento entomológico. A outra, esverdeada com riscas negras, é muito comum. Vamos arriscar a que seja Onychogomphus forcipatus (2) .

Estes lindos animais foram admirados por nós em poças de água límpida, com muita vegetação aquática, num regato que corre na região de Mazes, perto da Anta de Mazes, uma aldeia perdida no tempo e na serra, sob a Ponte das Poldras. Realizou-se o passeio numa tarde quente de Verão, a 3 de Agosto de 2008, sob a direcção amiga do Dr. Armando Ribeiro, director do jornal A Voz de Lamego. Espero que para a próxima os animais caiam sob a alçada da Herpetologia, domínio que me é mais familiar que o dos insectos.

Maria Estela Guedes

 

(1) http://www2.unine.ch/webdav/site/cscf/shared/documents/Calopteryx_F.pdf

(2) http://www.flickr.com/groups/libelinhasemportugal/